Comecemos as narrativas à respeito do quarto dia de caminhada!
O relato desta fez, volta as emocionantes palavras do caminhante Everardo de Aguiar Lopes.
Confira:
“No quarto dia já estávamos engolidos pelo sertão, ou quase! E se o sertão é do tamanho do mundo, cada caminhante agora tinha o mundo dentro de si!
” E se o sertão é do tamanho do mundo, cada caminhante agora tinha o mundo dentro de si!”
O simples ficar calado colocando os pensamentos em ordem, coisa que alguns não faziam há muito tempo, agora passou a ser o perturbador saber OUVIR, ouvir as batidas aceleradas do coração, o soprar do vento, ouvir as histórias dos dias anteriores, ou simplesmente ouvir o repetido e ritmado som do cajado enterrando a cada passo na areia fofa!
Agora, o caminho longo de areia fofa até a chapada gaúcha, o sol escaldante, o céu azul, a vereda lá longe, o clik das máquinas de alguns caminhantes e o olhar profundo e silencioso do retorcido, seco e generoso cerrado em direção aos nossos passos, sendo engolidos pela areia fofa, chamando a atenção de cada um, lá no seu íntimo a sentir as mudanças profundas e rápidas que estão acontecendo no segundo maior Bioma do Brasil, e proporcionalmente com a maior biodiversidade vem sofrendo nos últimos 50 anos!
“…sendo engolidos pela areia fofa, chamando a atenção de cada um, lá no seu íntimo a sentir as mudanças profundas e rápidas que estão acontecendo…”
Esse olhar, como dos nossos avós, é suficiente para nos dizer que temos a responsabilidade de gritar em nossas redes sociais, para que o mais surdo dos congressos nacionais possa ouvir o barulho que o agronegócio e a monocultura como eixo central de crescimento econômico a qualquer custo causam negativamente a centenas de vidas, de várias espécies que durante milhares de anos permite a convivência conflituosa, mais equilibrando a vida sempre em movimento!
“…mais equilibrando a vida sempre em movimento!”
Esse movimento é intenso, mexe, provoca, transforma cansaço em prazer, as dores em pontes entre as pessoas e o caminho, faz números, personagens da região e datas frias virarem poesias, guias serem guiados e histórias locais serem valores universais, até que o relógio do sonhador grita; Gente tá na hora! E aí, outro silêncio vem chegando, a luz diminuindo, a lua se aproximando e os corpos lentamente jogados entre a alegria e o próximo passo!”
“Esse movimento é intenso, mexe, provoca, transforma cansaço em prazer, as dores em pontes entre as pessoas e o caminho…”