REVIVENDO O CAMINHO: QUINTO DIA, CHEGADA AO XIII ENCONTRO DOS POVOS DO GRANDE SERTÃO VEREDAS

5 de Janeiro de 2015
Iniciamos o ano de 2015 com o relato final sobre o dia-a-dia da caminhada, com mais um relato do caminhante, e membro da organização do festival, Everardo de Aguiar. Confiram: “Cinco dias de grandes surpresas das pequenas coisas! Tudo empolga o falar, o rir e ao descrever meus sentimentos que ultrapassam a trieira do caminho de areia quente e já me acostumando nesses cinco intensos dias ao cheiro da poeira e do mato seco, quando me dou conta do mundo que é esse sertão cantado mundo a fora! Tomar consciência de que somos co-responsáveis por todas as poesias que brotam em minha volta, por todos os sons que falam para o meu coração é o que alimenta o desejo de continuar no caminho! Essa consciência está dentro de mim, dentro de cada um de nós, tomamos consciência quando aprendemos a respeitar e, portanto a reconhecer que não estamos sozinhos no planeta mãe terra e que somos apenas mais um e que fazemos parte de uma minoria de pequenos seres no processo de permanência de vidas, em um grande e profundo agonizante sistema vivo! A mãe terra! A mãe terra nos cobra cuidados! Esse cuidado nos aproxima do cotidiano das pessoas, e juntos a outras pessoas, aprendemos a dialogar, sem preconceitos e sem hierarquias, misturando-se com todas as espécies de seres visíveis, sentindo o intangível da cultura local, que nos possibilita manter vivos os processos evolutivos que alcançamos nesses bilhões de anos! Essa mistura natural de animais mamíferos que somos, gera uma afetividade que nos permite refletir entre o poder de destruir determinados ambientes ou de apenas os proteger, ou efetivamente cuidá-los de forma sistêmica desses ambientes na construção coletiva para outro modo de viver! Tal consciência está dentro de cada um de nós, basta externarmos como faz as populações tradicionais, os quilombolas, os ribeirinhos, os indígenas, os povos das florestas, os jovens negros e pobres das periferias das cidades, as mulheres, entre tantas outras culturas tradicionais, que nos inspiram o bem comum! São fortes essas contradições que percebemos e sentimos nestes poucos dias de intensas vibrações do sertão, da morte desenfreada provocada pelo agronegócio, à resistência criativa dos tambores, dos sabores inconfundíveis, das cores, dos formatos requebrados, das rodas e das rosas iluminando os caminhos!”
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O Caminho do Sertão
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