Oficina geodésica no festival Sagarana que contou com a participação de toda comunidade.
Oficina geodésica no festival Sagarana que contou com a participação de toda comunidade.
Um passeio pelo cerrado mineiro com o mestre raizeiro Argemiro, descobrindo as maravilhas que o cerrado produz.
IR PARA SI, DO SERTÃO, A TRAVESSIA!
Matuturana
Como todo caminho existencial, o Caminho do Sertão propõe o diálogo e o auto encontro como formas de se orientar nas veredas da, sempre aberta, aventura humana. Nesses tempos distópicos propomos a utopia como contraponto crítico ao insalubre e deprimente mundo real. Passos poiéticos resolutos, dados rumo ao desejável e possível horizonte histórico – advento do bem viver no comum.
“Quando vou pra dar batalha, convido meu coracão”. A poiética rosiana nos orienta para a ação ante um paradigma de sociedade que se desmancha no ar ao se asfixiar na terra em transe, em trânsito, em estado de mutacão…
Gaia, antropoceno, pandemia, singularidade tecnológica – sob redemoinho e vertigem na encruzilhada Brasil!
A travessia está em curso e não é possível retornar. O mundo de onde partimos não mais se encontra lá e o mundo da chegada será semelhante ao nosso jeito, individual e coletivo, de caminhar.
Numa disposição corporal de prontidão e sensibilidade solidária ofertamos aos caminhantes de todos os tempos o vídeo intitulado: – O VAU DO VÃO!
A história de Jorge Augusto Xavier de Almeida é a história de uma das maiores lideranças do Brasil nas lutas por terra pela população do campo. É a história de um representante da classe roceira deste país. É a história de um poeta e preso político. Durante o Caminho do Sertão, tivemos a oportunidade de escutar essa história não contada nas internets e sobre a qual pouco se conhece. Jorge, natural de Buritis, município do extremo noroeste mineiro, e que faz divisa com Goiás, integrou a luta no campo em 1994, auxiliando na transformação da região em um foco da luta por reforma agrária no país. Jorge é gente da Terra, canta com ela o canto do mundo, e é dela que tira o de viver, pedindo licença e dando carinho. Veio para a luta, cansado da servidão voluntária, em busca do seu pedaço de terra e de uma vida digna, diante o acúmulo e a especulação sem limites de pedaços da Mãe Natureza pelos Comedores de Terra. E por lutar pelas últimas fronteiras da humanidade, aonde se encontra a água e a comida do mundo, foi preso injustamente. Por não querer se descolar desse organismo que é a terra, e por querer compartilha-lo com mais gente, foi condenado sem direito de resposta. Preso, ele fez da cela a sua trincheira, começou a lavrar palavras e reescrever sentenças. Encontrou a poesia. A poesia salvou Jorge da loucura. E essa é a sua história. Reescrita por ele mesmo.
Me lembro que, quando ouvi o Almir Paraka, idealizador d’O Caminho do Sertão, contar do sonho de fazer uma caminhada no mais árido sertão, revivendo as andanças de Riobaldo no livro “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, tudo parecia impossível. Mas, em 2017, o projeto chegou à sua quarta edição. Entre os dias 7 e 17 de julho, percorremos 176 quilômetros, da Vila de Sagarana, em Arinos, à Chapada Gaúcha, no Noroeste de Minas Gerais. O sertão é sol. Vídeo: Agatha Azevedo / Jornalistas Livres
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