A história de Jorge Augusto Xavier de Almeida é a história de uma das maiores lideranças do Brasil nas lutas por terra pela população do campo. É a história de um representante da classe roceira deste país. É a história de um poeta e preso político. Durante o Caminho do Sertão, tivemos a oportunidade de escutar essa história não contada nas internets e sobre a qual pouco se conhece. Jorge, natural de Buritis, município do extremo noroeste mineiro, e que faz divisa com Goiás, integrou a luta no campo em 1994, auxiliando na transformação da região em um foco da luta por reforma agrária no país. Jorge é gente da Terra, canta com ela o canto do mundo, e é dela que tira o de viver, pedindo licença e dando carinho. Veio para a luta, cansado da servidão voluntária, em busca do seu pedaço de terra e de uma vida digna, diante o acúmulo e a especulação sem limites de pedaços da Mãe Natureza pelos Comedores de Terra. E por lutar pelas últimas fronteiras da humanidade, aonde se encontra a água e a comida do mundo, foi preso injustamente. Por não querer se descolar desse organismo que é a terra, e por querer compartilha-lo com mais gente, foi condenado sem direito de resposta. Preso, ele fez da cela a sua trincheira, começou a lavrar palavras e reescrever sentenças. Encontrou a poesia. A poesia salvou Jorge da loucura. E essa é a sua história. Reescrita por ele mesmo.